segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Estrutura do texto dramático proposta

O texto dos oito quadros parte do que é narrada no texto original de “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, mas são uma adaptação dramatúrgica livre do mesmo. Com muito espaço à imaginação para recrear ambientes, factos, histórias, canções, heróis, vilões, etc., num tom predominante de festa e de farsa, em que se destaque as diferentes facetas da personalidade de FMP.
A ligação entre os vários quadros será assegurada por pequenos apontamentos dramatúrgicos e cantigas de escárnio e maldizer, que pontuarão o trajecto com o objectivo de realçar um qualquer pormenor do quadro anterior que se projecta no que se segue. Poderá haver um objecto que promova a transição entre cada quadro.
Quadro I – Partida a caminho da Índia
É o inicio da viagem pela vida e obra de FMP e também do espectáculo. É a partida de Montemor, a caminho de Lisboa e depois da Índia. Há que criar um jogo em que se podem cruzar diferentes FMP e várias figuras populares, onde são abordados alguns aspectos dos primeiros anos da sua vida.
O local do quadro é o adro junto às ruínas da Igreja de Santo António no Castelo.
Textos de apoio:
De que passe em minha mocidade neste reino até que embarquei para a Índia / Como deste reino me parti para a Índia (…) – Cap. I e II [1]
As primeiras aventuras (1º texto) [2]
A primeira aventura com piratas [3]
O baptismo de sangue [4]
Vendido por doze mil réis de tâmaras [5]




[1] “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, Publicações Europa-América, 1983, pg.19-24
[2] “Peregrinação de Fernão Mendes Pinto” de João David Pinto Correia, Seara Nova/Editorial Comunicação, 1979, pg.115-123
[3] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.5
[4] Idem, pg.11
[5] Idem, pg.17

Quadro II – Novos horizontes
Neste quadro são dois mundos diferentes que se chocam, duas culturas que se descobrem, é a descoberta de novos horizontes.
Este novo mundo pode ser celebrado de diferentes formas, num jogo teatral vivo e rico em música com diferentes sonoridades, com novos sabores e odores. As aventuras de FMP podem ser cruzadas com as aventuras das diferentes «mulheres navegantes», ou de outras mulheres, com quem se cruzou no Oriente.
Dentro das naus viajaram também muitas mulheres ao longo dos tempos, cujo papel foi determinante para os descobrimentos. Houve portuguesas em todos os cantos do império, fosse por degredo ou para acompanhar os maridos, fosse ainda por pura aventura.


Textos de apoio:
Estranho encontro com cristãos [1]
Mulheres em busca da Índia e do Preste João[2]
O Preste João Mulher[3]
As Ocupantes das Naus no Indico[4]
Portuguesas Clandestinas a Bordo em 1524[5]




[1] Idem, pg.116
[2] “Mulheres Navegantes no Tempo de Vasco da Gama” de Fina d’Armada, Ésquilo, 2006, pg.120-126
[3] Idem, pg.127-140
[4] Idem, pg.156-164
[5] Idem, pg.165-174
No final deste quadro termina o primeiro troço comum para os espectadores, pois a partir daqui terão de optar um de dois trajectos diferentes: o da guerra ou o religioso.
A transição do II para o III quadro será muita curta, talvez apenas com um muito breve apontamento dramatúrgico (ou estação), que de algum modo ilustre o espalhar da fé e do império nas terras do Oriente.
A transição do II para o V quadro será também curta, mas será abordada mais à frente.


Quadro III – Com António de Faria (trajecto um)
A peregrinação em companhia de António de Faria pelos reinos do Sião, Liampó e Ilha Calempui. São os jogos de guerra onde se contam algumas das lutas em que FMP participou, como foi feito prisioneiro ou naufragou.

Estes jogos de guerra ou batalhas serão criados a partir de uma máquina de cena por actores e manipuladores, que basicamente de forma estilizada reproduzirá uma nau, a narrativa assentará em jogos de guerra.

Textos de apoio:
Peregrinação em companhia de António de Faria pelos reinos de Sião, Liampó e ilha Calemplui [1]
Peregrinação – Capítulos XXXVI a XLVI [2]
Peregrinação – Capítulos XV a XXXV [3]
Peregrinação – Capítulos VII a XIII [4]
Peregrinação – Capítulos XLVIII a LVIII [5]
Peregrinação – Capítulos LX a LXXIV [6]
Peregrinação – Capítulos LXXV a LXXIX [7]
A Maldição Fulmina António Faria de Sousa[8]





[1] “Peregrinação de Fernão Mendes Pinto” de João David Pinto Correia, Seara Nova/Editorial Comunicação, 1979, pg.140-174
[2] “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, Publicações Europa-América, 1983, pg.104-134
[3] Idem, pg.52-103
[4] Idem, pg.35-49
[5] Idem, pg.134-169
[6] Idem, pg.173-214
[7] Idem, pg.214-225
[8] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.107-110
A transição para o quadro seguinte será curta, mas terá uma especificidade bastante própria. Terá a participação dum grupo coral, cujos elementos se disporão nas várias janelas que ladeiam o trajecto entoando cânticos épicos que farão a elegia dos feitos guerreiros, quer do quadro que acabou quer do que se segue.


Quadro IV – Guerras em Nixiancó (trajecto um)
Na busca da fortuna FMP vive mais aventuras e guerras em terras do inimigo, aonde chega por mar e terra. Contadas sempre num apelo permanente ao fantástico e ao exótico, onde o real e o imaginário se confundem bastante. Inicialmente o titulo previsto para o quadro era "As Guerras de Sonda".
Textos de apoio:
Episódios com Mulheres e Naus [1]
Peregrinação pelas terras de Sonda [2]
Peregrinação – Capitulo CLXXII-CLXXIX[3]
A transição para o quadro seguinte é a segunda mais longa e terá de comportar talvez três apontamentos dramatúrgicos (ou estações), que retomarão as tormentas, as lutas, os medos e os mitos que todos enfrentaram pelo Oriente e até chegarem ao Japão.




[1] “Mulheres Navegantes no Tempo de Vasco da Gama” de Fina d’Armada, Ésquilo, 2006, pg.241-256
[2] “Peregrinação de Fernão Mendes Pinto” de João David Pinto Correia, Seara Nova/Editorial Comunicação, 1979, pg.222-232
[3] “Peregrinação II” de Fernão Mendes Pinto, Publicações Europa-América, 1997, pg.156-174

Este quadro faz a ligação ao quadro VII, onde os espectadores se voltam a juntar.


Quadro V – Na Companhia de Jesus (trajecto dois)
É o inicio do trajecto religioso. A seguir ao quadro II os espectadores seguirão por um dos dois trajectos existentes: o da guerra ou o religioso.
Neste quadro é recriada a peregrinação de FMP na companhia de Francisco Xavier por terras do Oriente, bem como a sua posterior crise religiosa.
O ambiente do quadro e o jogo dos actores pode recorrer à narrativa trovadoresca que pode ser cantado em feiras e festas, como acontecia na Idade Média. Agora cantam-se e contam-se histórias de FMP, com forte influência da poesia e música popular, e mesmo da música erudita de inspiração religiosa.
Textos de apoio:
Peregrinação em companhia de Francisco de Xavier por terras de Malaca e do Japão – na corte do Rei de Bungo [1]
As estranhas visões de S. Francisco Xavier[2]
O batel perdido na tormenta[3]
A morte de S. Francisco Xavier[4]
Peregrinação – Capítulos CC a CCXXV[5]


[1] “Peregrinação de Fernão Mendes Pinto” de João David Pinto Correia, Seara Nova/Editorial Comunicação, 1979, pg.233-260
[2] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.177
[3] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.185
[4] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.192
[5] “Peregrinação II” de Fernão Mendes Pinto, Publicações Europa-América, 1997, pg.233-326

O trajecto para o VI quadro é curto, mas pode permitir alguns apontamentos dramatúrgicos (ou estações) fortes sobre o papel da Companhia de Jesus pelo Oriente.



Quadro VI – A Ilha dos Amores (trajecto dois)
Deste quadro transparece a contradição entre o espírito religioso e o guerreiro, aqui se contam os jogos de amor e poder, de sedução e tentação, com que FMP se cruzou nas suas aventuras pelo Oriente.
De todos estes jogos resulta o afastamento de FMP da Companhia de Jesus. O jogo deverá assentar no movimento e na expressão corporal, na fronteira do teatro/dança, recreando os ambientes orientais, com cores, odores e música.
Textos de apoio:
A Deusa da Ilha dos Amores[1]
As Filhas e Enteadas de Afonso de Albuquerque[2]


[1] “Mulheres Navegantes no Tempo de Vasco da Gama” de Fina d’Armada, Ésquilo, 2006, pg.175-188
[2] Idem, pg.221-240
No quadro seguinte juntam-se de novo os dois percursos, mantendo-se unidos até ao final do espectáculo.


Quadro VII – Portugueses no Japão
Recorrendo ao teatro dentro do teatro as aventuras de FMP por terras do Japão serão contadas por uma companhia de commedia del’arte, que ocupará três espaços da praça para as narrar.
Haverá as máquinas de cena que sejam necessárias ao jogo teatral para se recriar as diferentes acções e ambientes. Este quadro será em principio o de maior duração.
Textos de apoio:
Os Portugueses que primeiro visitam o Japão [1]
A divulgação das armas de fogo [2]
Breve miragem de fortuna [3]
Salve-se quem puder [4]




[1] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.125
[2] Idem, pg.129
[3] Idem, pg.137
[4] Idem, pg.170
A passagem para o quadro VIII deve reflectir o regresso de Fernão Mendes Pinto a Portugal.



Quadro VIII – Termo da longa peregrinação
Depois do seu regresso a Portugal FMP sente amargura pela incompreensão dos seus compatriotas, que duvidam dos méritos da sua peregrinação pelo Oriente.
A acção remete para a visita de quem em Fevereiro de 1583 lhe vem anunciar que Filipe II lhe concedeu uma tença anual.
Será um jogo de máscaras que FMP joga com os filhos, para quem em última análise escreveu o livro onde relata as suas viagens e aventuras, quer as suas façanhas sejam mesmo vividas ou imaginadas.
Textos de apoio à dramaturgia:
A crise religiosa de Mendes Pinto [1]
O malogro e o êxito de uma missão [2]
Como acaba uma vida extraordinária [3]
Peregrinação – Capitulo CCXXVI[4]




[1] “Fernão Mendes Pinto” de Mário Domingues, Livraria Civilização, 1977, 4ª edição, pg.197
[2] Idem, pg.203
[3] Idem, pg.209
[4] “Peregrinação II” de Fernão Mendes Pinto, Publicações Europa-América, 1997, pg.326-328
Final
No final haverá uma grande ceia servida numa grande mesa corrida, no espaço onde se localiza a área comercial do mercado. Será uma grande festa que se deseja como tempo de convívio e troca de impressões entre todos os fizeram o espectáculo e os que assistiram.

Esta foi a estrutura dramática proposta para escrita do texto do espectáculo.

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